Venho aqui desabafar a solidão que tenho sentido ultimamente no trabalho e a origem desta.
Este foi, e ainda é o meu primeiro trabalho na área e no qual eu estou há mais tempo, 4 anos para ser mais exata e comecei no mesmo dia que a minha colega, que após a convivência diária é muito mais do que simplesmente colega de trabalho, considero-a uma amiga 🙂
A empresa é pequena e como tal, somos poucos, sendo que eu e ela eramos as únicas almas femininas do sítio, parceiras de secretária e a saída dela criou um grande vazio.
São muitas histórias partilhadas, piadas que só nós percebemos, enfim todo um conjunto de hábitos e costumes que se foram criando desta nossa interação diária.
… As manhãs …
Normalmente comentávamos o fim de semana, noticias do dia, ou coisas que nos aconteceram na viagem até ao trabalho, agora já não tenho este dialogo com mais ninguém.
E quem é que vai apontar as minhas piadas secas agora?? Uh?? 😦
Quem me vai acompanhar no chazinho e chamar-me a atenção para os lanches menos saudáveis?
A foto ao lado, fui eu que tirei entre as nossas secretárias e adicionei esses stickers, enviando-lhe de seguida.
… Desastradas unidas = duplo azar …
Nós temos uma coisa em comum, somos ambas bastante desastradas e isso originava um conjunto de coisas estranhas e caricatas que nos aconteciam, tanto juntas, como sozinhas.
Isso proporcionava uns momentos de riso no momento ou até mesmo muito depois do acontecimento.
Em 4 anos aconteceu-nos um pouco de tudo, desde elevadores avariados, quase sermos levadas por autocarros, ser “apunhaladas” por guarda chuvas, entre muitas outras histórias que agora não me lembro.
… Bater os punhos, só porque sim …
Começou por ser uma coisa que aconteceu ao espreguiçar as costas, como estávamos lado a lado se fizéssemos isso ao mesmo tempo os punhos batiam.
Depois passou a ser algo que fazíamos para celebrar alguma tarefa completa, ou simplesmente… porque sim.
… Eletricidade estática …
Literalmente eletricidade estática, cheguei a apanhar uns valentes choques por acidentalmente tocar-lhe.
Nem o meu carro me deu choques tão fortes 😀
… Detesto almoçar sozinha …
O que mais me custa é a hora de almoço, almoçar sozinha nunca foi algo que apreciei, como eu e ela eramos as únicas a trazer o almoço em oposição a ir almoçar fora, acabei por passar a almoçar completamente sozinha e tenho a dizer que é uma grande seca.
Já passava por isto quando ela estava de férias e eu não, mas sabia que ia voltar dali a X dias, neste caso sei que não vai voltar.
A foto ao lado, foi mais uma vez tirada por mim, ao sitio onde almoçamos, sendo que o dela está agora vazio.
… E passear sozinha …
Como temos uma hora para almoçar, normalmente depois do almoço vamos dar uma volta pela cidade, seja para ver novos estabelecimentos, ir às compras, ou simplesmente arejar.
Fazer isso sozinha é desmotivante, levando-me a passeios mais curtos ou a ficar pelo escritório.
… E no final do dia …
E ao fim do dia, saíamos juntas a correr para apanhar o metro. Tendo de “esquivar” os semáforos, bem como as pessoas que estavam a tentar recolher subscrições a serviços que não queremos.
Havia muito mais a dizer, mas isto foi o que me lembrei agora.
Se estiveres a ler isto, já sabes que não te vais ver livre de mim tão cedo, com mensagens quase diárias e espero que continuemos com esta amizade, estejamos onde estivermos.
Aprendi muitas coisas contigo e isso são coisas que não se perdem, estamos ambas juntas neste “luto” pela nossa rotina laboral, sendo que o teu é mais drástico, porque para ti tudo mudou.
… Concluindo, detesto estar sozinha e ponto final … excepto raras excepções …
Como sou uma tagarela, comunicar está nos meus genes, estar completamente sozinha vai contra tudo isso e é um aborrecimento para mim.
Parece que vou ter de me adaptar e sobreviver.
Disfrutem da trilha sonora que me acompanha nesta solidão.